sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

BBC Sherlock - “A Scandal in Belgravia” - A opinião da Sherlockology

Como sabem, a antestreia do 1º episódio da 2ª temporada de “Sherlock”, “A Scandal in Belgravia”, finalmente programado para estrear na BBC One dia 1 de Janeiro de 2012 (Ainda não sabem?! Então leiam a nossa primeira mensagem de hoje: Data de estreia da 2ª temporada de Sherlock finalmente revelada!), decorreu no passado dia 7 (4ª feira), no BFI Southbank, em Londres, e a Sherlockology esteve lá!

A sinopse/texto de opinião que o site de fãs n.º 1 da série escreveu (se têm facilidade com o inglês, podem lê-lo no seu Tumblr), para além de literariamente muito bem conseguido, consegue dizer muita coisa, sem, no entanto, ser spoiler. Para nós, esse foi um grande feito e, por isso, decidimos traduzi-lo na sua integridade e publicá-lo aqui. 

Claro que, mesmo assim, temos de avisá-los que, dependendo da capacidade teorética e perspicácia de cada um é, claro, possível, desenterrar pequenos detalhes da história do 1º episódio. Ainda assim, todos concordamos que não se trata de um spoiler e que é um texto informativo, agradável, bem escrito e bastante “seguro” de ler. 
Mas deixamos a decisão de continuar a ler esta mensagem convosco.


Tradução:

“Sherlock – A Scandal in Belgravia retrata toda a confiança do regresso de um campeão de boxe. Entrando no ringue sem ter nada para provar, tem apenas o desejo incrivelmente ardente de continuar a expandir-se e a melhorar-se. O simples facto de que deita por terra toda a oposição televisiva deste ano e que continua a tornar-se mais forte à medida que progride, é testamento do incrível trabalho árduo dos actores e equipa para nos trazer uma obra de entretenimento que ultrapassa completamente todas as expectativas.

Depois de resolver o enfadonho cliffhanger de uma forma inesperada e, ainda assim, perfeita, torna-se claro que este episódio está vários níveis acima da 1ª série. Tudo nele parece superior, desde as performances de todos os actores até ao guião rígido de Steven Moffat, a direcção cinematográfica do Paul McGuidan e a pontuação dramática expansiva do David Arnold e do Michael Price.

O guião de Steven Moffat continua na mesma linha que a série 1, desenhando um traço ténue entre o hilariante genuíno e alguma treva absoluta, ao mesmo tempo que se mantém incrivelmente colado à história original, alargando os seus temas e, ainda assim, divertindo-se com adições e alterações. Por todo o episódio há vários acenos ao original, que seria um crime revelar, até porque Steven Moffat o implorou à audiência na sessão de Perguntas e Respostas, mas estão construídos de uma forma surpreendente que maximiza o seu aparecimento. É material inteligente e narrativamente complexo – uma teia emaranhada de mentiras e enganos que pega em temas muito grandes e ideias extremamente assustadoras e as transforma num todo coeso, mesmo de perto. Em termos de narrativa, é a mais forte de todos os episódios de Sherlock até agora. E a cotação está, mais uma vez, a sair pelo tecto.

Benedict Cumberbatch está confortável como Sherlock Holmes, isso é óbvio. Apesar de não existir qualquer dúvida de que ele foi imediatamente perfeito com os cortes e a arrogância das suas deduções na série 1, aqui vemos uma suavização na personagem sem perder as suas arestas, a noção clara de uma evolução inconsciente, graças à adição de mais pessoas à sua vida para além do seu irmão – esteja ele consciente disto ou não, ele agora preocupa-se de uma forma explícita pelo bem-estar dos outros, mais particularmente, de John e, de forma surpreendente numa cena, pelo de Mrs. Hudson. É reflectida em preocupação genuína e, por vezes, raiva palpável, a necessidade de corrigir, de todas as formas possíveis, erros cometidos com aqueles que estão perto de si.

Martin Freeman está ainda melhor nesta 2ª série. Deus sabe como. Não representa mais o homem correcto, não mais o alívio cómico; o seu John Watson é possivelmente o retrato mais multifacetado desta personagem no ecrã, aqui mostrando definitivamente uma forma de igualdade com Sherlock e, por vezes, uma superioridade física. A amizade real entre ele e Benedict Cumberbatch é uma vantagem incrível e a força que dá à sua performance neste episódio, quando John se depara a lidar com o enigma de um Sherlock deprimido ao meio, brilha de forma positiva – parece verdadeira.

Mais agradável é a expansão de Mycroft Holmes. Mark Gatiss tem aqui um papel bem maior do que na soma de todas as suas aparições na série 1 e realiza uma performance que o justifica. Ele cria um sentimento de irmão mais velho superior e ainda assim, preocupado, protagonizando numa surpreendente cena com Cumberbatch, o que apenas pode ser definido como amor fraterno – se eles não fossem quem são. E, mais tarde, protagoniza a raiva feroz do irmão mais velho, quando o mais novo destrói a torre de cubos que ele tão cuidadosamente construíra. É uma performance notável que alivia algum do enigma que pesa sobre Mycroft, mas que o enriquece ao mesmo tempo, dando-nos uma maior noção da sua importância e poder em, não apenas o desenvolvimento de Sherlock Holmes, mas também do Governo Britânico.

Os outros actores secundários também fizeram trabalhos valiosos. Una Stubbs aparece mais vezes como Mrs. Hudson do que na série 1, desenvolvendo um carinho maternal que esteve explícito desde o início e ambos os rapazes o retribuem. O sentimento que fica é o do crescimento de uma família.

Louise Brealey está a dar a Molly Hooper uma força física em desenvolvimento, começando a destacar-se mais por ela própria e ainda assim mantendo a ideia de um esvoaçante pássaro nervoso. Será interessante ver a sua evolução durante os restantes episódios.

Andrew Scott retém a sua omnipresença, apesar do nosso recente conhecimento da sua identidade. Não podemos dizer mais.









De todos, seria injusto dizer que Rupert Graves está ligeiramente mudado como Lestrade neste episódio, mas ele pareceu desempenhar um papel mais funcional aqui. 
É, ainda assim, apenas o 1º episódio da série claro, portanto esperamos um papel maior no futuro.

E, finalmente para os actores, tínhamos de terminar com Lara Pulver como a nova adição, A Mulher, Irene Adler. Para sempre incompreendida na maioria das representações, aqui Irene é um adversário total para Sherlock Holmes, um parceiro de esgrima ao seu nível. O tom exacto da história original é reflectido, a noção de jogo mental de gato e rato entre os dois forma a base de algo bem mais complexo do que um mero romance de Hollywood. A face oposta da mesma moeda para Sherlock, Irene é sexy, inteligente e bastante perigosa, a personagem feminina mais forte num ecrã desde há muito tempo. Apesar de, por vezes, roçar o limiar da negatividade através das suas acções, ela é literalmente capaz de arranhar o seu caminho de volta à sua malícia pura.

Em termos técnicos, Paul McGuigan consegui algo notável com este episódio. Vê-lo num grande ecrã pode ter algo que ver com isto, mas a única forma de o descrever é “cinematográfico”. Deixou de parecer televisão e mais como as melhores filmagens não publicadas desde ano. Os efeitos visuais extraordinários perceptíveis na série 1 estão agora ampliados para níveis arrebatadores, as deduções agora mais complexas e surpreendentes. A câmara lenta é utilizada para efeitos inesperados, bem como alguns efeitos visuais mais práticos. A cinematografia é mais rica, mas colorida e, no seu todo, mais quente, e a edição energética de grande impacto de Charlie Phillips atinge-nos com toda a sua força.

Em termos de som, este episódio é um regalo, as notas expandidas da série 1 do David Arnold e Michael Price, mantendo os temas originais, acrescentando um novo para Adler e imprimindo ritmo a cenas de acção com instrumentos mais profundos, dá a tudo uma sensação de grandiosidade. E sim, até há um trabalho mais proeminente do violino.

Para concluir, A Scandal in Bohemia é uma das maiores e mais famosas histórias de Conan Doyle. Na nossa opinião, A Scandal in Belgravia é o maior e mais poderoso episódio de Sherlock até agora. A derradeira representação de jogos mentais entre sexos, o seu mais rico, mais confiante, mais complexo, mais surpreendente, mais emocional, mais engraçado, mais sombrio e até com maior nível de tensão do que tudo na série 1, cria um obstáculo bastante alto para os outros 2 episódios superarem.

A maior questão é: quando este episódio explodir nos ecrãs de televisão no nosso Dia de Ano Novo, qual será o outro programa televisivo dramático com qualquer esperança de o igualar?

Depois da passagem do episódio, tivemos finalmente a oportunidade de falar com Benedict Cuberbatch. Depois de nos apresentarmos, ele perguntou-nos simplesmente “O que é que acharam?”
E, por acordo mútuo, ele e Sherlockology proferiram apenas uma palavra: Tremendo.”

Ahhhhh,… Vocês não gostavam de ter lá estado? Pois é,… mas já falta pouco!
Daqui a "nada" poderemos desfrutar da obra-prima que inspirou estas palavras e estes elogios que, acreditamos piamente, não são hiperbólicos.

Tomamos a liberdade de destacar as partes do texto que gostámos mais ou achámos mais importantes, mas relembramos que esta é apenas uma tradução integral do texto original que se encontra aqui: Sherlockology.Tumblr. Visitem-nos também aqui: Sherlockology. Vale a pena.


E esperamos que tenham gostado. Com sorte, mais informações acerca deste tema se seguirão ainda amanhã. Estamos todos a trabalhar nisso ;)
PHS e ST.

1 comentários:

Anónimo disse...

*I love you, Sherlockology!*

E muito obrigado pela tradução, Snail Trail. Grande texto este e não, não é spoiler! É bom ter-vos de volta.
«...A Scandal in Belgravia é o maior e mais poderoso episódio de Sherlock até agora. A derradeira representação de jogos mentais entre sexos, o seu mais rico, mais confiante, mais complexo, mais surpreendente, mais emocional, mais engraçado, mais sombrio e até com maior nível de tensão do que tudo na série 1, cria um obstáculo bastante alto para os outros 2 episódios superarem.
A maior questão é: quando este episódio explodir nos ecrãs de televisão no nosso Dia de Ano Novo, qual será o outro programa televisivo dramático com qualquer esperança de o igualar?»
Diria que estes elogios nos asseguram que a qualidade de Sherlock não só será mantida, como ultrapassada. É reconfortante saber que valeu a pena esperar.
E concordo, é uma grande prenda de Ano Novo!

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