quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Sherlock Holmes in The 21st Century, TvFestival 2012

[VER NOTÍCIA DE ÚLTIMA HORA SOBRE A 3ª TEMPORADA NO FIM DESTA MENSAGEM]

16 de Agosto de 2012, Lumbye, Copenhaga
 
Moderador: Lars Feilberg
Convidados: Steven Moffat, Mark Gatiss, Sue Vertue
 
Podem assistir à gravação da totalidade da discussão aqui.
Aconselhamos vivamente a que o façam, é uma conversa bastante interessante.
 
Passamos em seguida a traduzir algumas partes desta conversa, divididas por temas.

Lars Fielberg
… Acerca da série…
Moffat: O ingrediente-chave para um hit é que as pessoas que o fazem o adorem. Deves, deves apenas trabalhar em coisas que adoras. E, de certa forma – uma forma desafiadora e egoísta – não deves importar-te se mais alguém também o faz. É suficiente que tu o faças.
*
Lars: Mas deve haver um monte de… de fãs de Sherlock Holmes que são muito obcecados por ele. Então como tem sido a sua reação à vossa nova adaptação do - ?
Moffat: Sim, tem sido extraordinariamente positiva. Quanto mais fundamentalistas são os fãs de Sherlock Holmes mais eles parecem gostar do que nós estamos a fazer.
 
 
… Acerca do episódio piloto…
Gatiss: Foi mais um piloto acidental. Porque a ideia original era serem seis episódios de uma hora e nós fizemos o episódio um e depois, ah, e realmente, devido ao sucesso dos episódios de noventa minutos que era mais o formato que a BBC queria, nós tivemos de repensá-lo e sabíamos que não podíamos simplesmente acrescentar mais uma meia hora, então tivemos de voltar a fazer o primeiro episódio.
 
 
… Acerca de Sherlock Holmes…
Moffat: Ele não é cruel. Ele é, ah, tipo, ah… Ele é tipo deficiente em, ah, em certas, ah, coisas acerca, ah, da interação humana. Ou melhor, ele decidiu sê-lo. Ele decidiu limpar a mente de tudo – o que a suja – e tornar-se numa máquina de raciocínio perfeita. E sejamos justos, ele fez um trabalho excelente.
Pensem nele como um atleta que pretende colocar-se, sabem, no topo da condição física e que sacrificou tudo o resto para que isso acontecesse. Mm, penso que a história do nosso programa – e, de certo modo, da história original, ah, livros – é ele a começar a compreender que não desligou tudo isso. Ele começa, penso, no início da série, a questionar-se se ele é mesmo um sociopata de alto rendimento, como ele diz ser, mm, e é nesses momentos que ele começa a concluir que não é. Ele importa-se por magoar a Molly.
*
Mark Gatiss e Steven Moffat
Gatiss: Acho que ele tem um novo tipo de sexualidade ainda desconhecido pela ciência.
Risos
Moffat: É… isso mesmo. Ele ama-se a si mesmo.
*
Gatiss: Em termos de sexualidade… Possivelmente, o Sherlock, em algum momento da sua juventude teria tido sexo, da mesma forma que ele teria, ah, condensado moléculas de cobre, ele tê-lo-ia feito e levado a caixa.
Vertue: Cronometrando-o.
Risos
Gatiss: Cronometrando-o. Mas, no que toca à sua alma e o seu lado romântico, quem sabe…? Ele apaixona-se por Irene Adler, mas o que é aquilo, um caso amoroso intelectual? É porque ambos são pessoas perigosas? O que é? O Steve diz que não é uma coisa óbvia como sexo.
Moffat: É o amor entre os loucos.
*
Moffat: Ele está tocantemente a salvar os seus três amigos. Claro que está a fazê-lo sem, de facto, se matar e quebrando os seus corações, porque ele é Sherlock Holmes.
 
 
… Acerca de Sherlock Holmes e John Watson…
Gatiss: Parece ser uma coisa óbvia de se dizer, mas as personagens que interessam sempre as pessoas têm personalidades com falhas profundas. Quero dizer, até o Super-homem tinha algumas falhas. E Sherlock é uma personagem incrivelmente complexa e é por isso que as pessoas o adoram. Ah, e sempre o fizeram.
E quando ele conhece o Doutor Watson, penso que nós sempre dissemos que juntamos a sua história exatamente no momento certo. Ambos, naquele momento, criam uma pessoa completa. E o trabalho do John, realmente, é tentar e tipo, tentar trazê-lo mais para a linha do resto da raça humana. Mas ele nunca consegue realmente fazê-lo.
*
Mark Gatiss
Moffat: Nós tornamo-los homens modernos. Eles não podiam ser um par de vitorianos transplantados, eles tinham de ser homens modernos. Eles não podiam chamar um ao outro Holmes e Watson porque isso iria torná-los um par de alunos de colégio. Eles tinham de chamar-se um ao outro Sherlock e John.
*
Moffat: O John transforma o Sherlock de um possível psicopata para um herói. E essa é a viajem que nós... O John humaniza-o. De certo modo, dá-lhe um standard humano. Porque o John faz duas coisas por ele: admira-o imensamente – o que Sherlock adora, todos nós adoramos, adoramos quando alguém nos admira; é muito claro em ambas as versões, ah, as histórias originais, no A Study in Scarlet e no A Study in Pink, que o Sherlock está feliz que alguém apareceu e disse “Tu és brilhante!” – desse modo, Sherlock imediatamente valoriza o seu julgamento, mas John também o critica. Ele é a única pessoa que o gaba e a única pessoa que diz “isso não é suficientemente bom”.
 
 
… Acerca de Moriarty…
Moffat: Todos os super-vilões da literatura e cinema depois de Moriarty foram uma cópia de Moriarty - Goldfinger fala como Moriarty - tanto que tivemos de criar um Moriarty um pouco diferente. Porque, quando ele apareceu já era um cliché.
Lars: Então, o que fizeram… Que ideias usaram para o criarem?
Moffat: Bombista suicida. É isso de que nós temos medo atualmente. De pessoas que não valorizam as suas próprias vidas.
Gatiss: Essa é a grande coisa… e penso que é isso que as pessoas acham tão alarmante acerca do Andrew, o Andrew Scott, que o desempenha, que é um homem charmoso e engraçado, mas que consegue tornar – ele consegue deformá-lo dessa forma. Quero dizer, não na vida real. Ele é muito divertido e muito leve e depois ele simplesmente – algo acontece nos seus olhos e, como o Steve diz é porque… É isso de que temos realmente medo, de que não há – não há limites para estas pessoas. Ele, ele tem um desejo de morte. Ele está a tentar, a tentar afastar a normalidade da existência e é por isso que ele é como o Sherlock Holmes. Ele está a tentar encontrar algo que o impeça de estar aborrecido. E, ah, no fim, até o Sherlock Holmes o desaponta. Então, mm, ele não, ele não se importa com o que lhe aconteça. E, no fim, rebenta a sua cabeça apenas para provar um ponto. Que é o que, sabem, o que os bombistas suicidas fazem.
Steven Moffat e (a sua esposa) Sue Vertue
Lars: Não vão sentir a falta dele numa, ah, terceira temporada?
Gatiss: Bem, sabe, o…
Moffat: Certamente, porque ele não estará nela.
 
 
… Acerca das teorias dos fãs para a resolução d’A Queda…
Gatiss: O chão é feito de borracha e… Houve algumas pessoas, imensas pessoas a dizer isso, o que é extraordinário. Sabe, vocês… Algumas pessoas assistiram [ao episódio] num detalhe inacreditável, o que, é claro, é… nunca poderá ser a forma como queríamos que o assistissem. A maioria das pessoas, se o assistirem de todo, assiste a metade ou assiste apenas uma vez. E houve gente que fez enormes observações da orelha do Martin e de todas estas pistas que não estão, obviamente, lá, que não significam nada. E algumas destas pessoas dizem, “Bem, obviamente, o Moriarty não está morto porque ele iria… nós veríamos a sua cabeça explodir.”.
Steven Moffat e Sue Vertue riem-se
Gatiss: Bem, sim, mas isto passou na BBC One às 21:30h. Não nos deixam mostrar coisas como essa! Não é uma pista, é apenas censura.
Moffat: Isso apenas prova que o Andrew Scott não foi, de facto, baleado.
 
 
… Acerca do movimento I Believe in Sherlock Holmes…
(Reparem que Lars está a usar uma T-shirt do movimento durante toda a entrevista.)
Moffat: O que é querido acerca disto é que, quando Sherlock Holmes morre nos livros – brevemente, ele também voltou – houve uma enorme manifestação dos leitores da Strand Magazine e o Doyle foi espancado na rua por uma mulher a dizer “Seu bruto!” e nós estamos mais ou menos a receber o mesmo.
*
Gatiss: É absolutamente espetacular. Quero dizer, é mesmo. Apanhou-nos, apanhou-nos todos de surpresa e… Olha para o mapa-mundo, ali. Há… houve grafitti a aparecer em lugares onde eu nem sabia que tinham TV.
Vertue: Sim, não podemos encorajar isso.
Moffat: Adoro, está lá no poster do filme. Isso foi muito ousado.

 
 
[Mais informações acerca da 3ª temporada da série aqui e aqui.]
PHS.


Notícia de última hora:
Steven Moffat faz nova revelação sobre a 3ª temporada de "Sherlock" no seu Twitter.
"No ano passado foi A Mulher, O Cão e A Queda. As três palavras deste ano serão reveladas amanhã no MGEITF Sherlock Master Class."

(Cliquem na imagem para verem no tamanho original)
O referido Festival realizar-se-à em Edimburgo amanhã, dia 24 de Agosto e contará com a presença de Andrew Scott, Steven Moffat, Mark Gatiss e Sue Vertue. 

3 comentários:

Anónimo disse...

Eles têm razão, há teorias bem loucas mesmo.
E essa notícia de última hora me deixou curiosa!
Me faz querer adivinhar o que será...
O Boneco, O Navio e O Moribundo?
O Regresso, O Vermelho e O Fim?
A Casa, A Mancha e O Último?
O Coronel, A Face e A Abelha?

Rsrsr...
Vlw!

Snail Trail disse...

He-he! Esses são palpites muito interessantes. XD
Já não falta muit para sabermos se acertou.

Snail Trail disse...

Não acreditem em Mark Gatiss (https://twitter.com/Markgatiss/status/238908731499364352), ele está a brincar. XD

Segundo este artigo (http://www.radiotimes.com/news/2012-08-24/sherlock-mark-gatiss-reveals-the-three-words-that-will-define-the-new-series---maybe), as verdadeiras 3 palavras serão reveladas entre este momento e as 15:30h de hoje.

Mais informações assim que as tivermos.

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